terça-feira, 9 de agosto de 2011

A Geração X e a Divina Preguiça

 Por: Eduardo Lucena

Hoje estou tendo o privilégio de estar escrevendo aqui do sertão. Que lugar (infinitamente) divino! O sertão, principalmente na época de chuvas, tem o dom de tocar nossas almas, desfazer nossos pesadelos, umedecer nossas palavras, tricotar com nossos pensamentos... Viu como estou menos ácido? Descobri, recentemente, que pertenço à geração X; também abreviado como Gen X, é o termo que se refere à geração nascida após o "Baby boom".
Embora não haja acordo em relação ao período que a expressão abrange, ela geralmente inclui as pessoas nascidas a partir do início dos anos 1960 até o final dos anos 1970, podendo alcançar o início dos anos 1980, sem contudo ultrapassar 1982. O termo geração X foi inventado pelo fotógrafo da Magnum, Robert Capa, em 1950. Ele iria usá-lo mais tarde como título de um ensaio fotográfico sobre homens e mulheres jovens que cresceram imediatamente após a Segunda Guerra Mundial.
O projeto emergiu em “Picture Post”, Reino Unido, e “Holiday”, EUA, em 1953. Descrevendo a sua intenção, Capa disse: “Nós nomeamos esta geração desconhecida como geração X e, mesmo em nosso primeiro entusiasmo, percebemos que tínhamos algo muito maior do que os nossos talentos e bolsos poderia lidar”. O escritor John Ulrich explica: "Desde então, geração X sempre significou um grupo de jovens, aparentemente sem identidade, a enfrentar um incerto, mal definido, talvez hostil, futuro.
Ora, antes de especulações inadequadas sobre qual será minha idade, me enquadro na definição de John Ulrich, ali, meados de 1964 até final de 1980: Aparentemente sem identidade, enfrentando um incerto, mal definido, talvez hostil, futuro. Sim porque aqui, nas paragens de Virgulino Ferreira e Maria Bonita, me foi proporcionado o que os romanos chamavam de "ócio com dignidade", estado em que surgem idéias impossíveis de nos visitar quando estamos tensos e/ou preocupados, dando-me inclusive a possibilidade de me qualificar como gestor em segurança pública.
Na realidade, estou vivendo a DIVINA PREGUIÇA, mas antes que pensem mal (mais?) de mim, a DIVINA PREGUIÇA aqui citada é aquela descrita por Mário de Andrade como o "ócio digno e sereno que é a coroação da utopia dos que idealizam a sociedade perfeita, igualitária e justa". Acontece que este meu atual estágio me proporciona, inclusive, tempo suficiente para me dedicar ao que existe de mais nobre: minha capacidade de pensar e questionar.
A DIVINA PREGUIÇA de Mário de Andrade não é a inércia nem a acomodação nem a omissão, mas um tempo benigno de reflexão sem nenhum outro tipo de preocupação para atrapalhar.
Agradeço a Deus por me proporcionar em terras sertanejas, no acolhimento santanense, o privilégio de vivenciar a DIVINA PREGUIÇA, pois vou otimizar minha capacidade de questionar e criticar as políticas públicas  de combate à violência do atual governo, dando assim uma contribuição de qualidade e livre dos jetons que ora são os vetores motivacionais das idéias e críticas mirabolantes que hoje afloram o (des)governo aqui existente.
Contribuição dada por mim, que sou da Geração X, aparentemente sem identidade, a enfrentar um incerto, mal definido, talvez hostil, futuro!


Eduardo Lucena
Consultor em Segurança

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