terça-feira, 10 de maio de 2011

A (de)Formação do Profissional de Segurança Pública

Por: Klesia Lins

Ao indagar várias pessoas, de diferentes perfis sociais, sobre quais as características que um bom policial deveria ter, as respostas foram unânimes: ter ética profissional e um bom treinamento. Bom, o treinamento profissional ao qual o cidadão se refere pode ser resumido em saber agir com prudência, perícia e atenção. Ser perito em algo é ser apto, ser capaz. Características que deveriam ser adquiridas nos cursos de formação dos profissionais de segurança pública, certo?
Errado! Posso assegurar que nenhum profissional, seja ele militar, civil, agente penitenciário, guarda municipal, adquirem perícia nos cursos específicos para sua formação inicial. Saibam vocês que algumas disciplinas fundamentais como Armamento, Munição e Tiro, Técnicas com Algema, Abordagem Policial, Apreensão de Entorpecentes, entre outras, são ministradas (quando acontece) de maneira negligente e irresponsável. De forma que faltam materiais (munição, armamentos e aparelhagens afins) para pôr em prática o que está no papel (Ah, e sem esquecer que o “papel” só chega ao aprendiz se o mesmo pagar uma taxa por ele).
Quantos disparos seriam necessários praticar no intuito de aperfeiçoar um profissional, evitando erros e falhas durante uma ação?   100?    200?     300?
Nos Estados Unidos um policial realiza, em média, 500 disparos por semana, em seu treinamento. No curso de formação para Agente Penitenciário do estado de Alagoas, foram praticados, em média, 10 disparos ( todo o curso )... Para policial militar melhorou um pouco...  20 disparos, (sem variedade de armamento e munição). E ao finalizar o curso somos “peritos” em tiro policial.
A verdade é a seguinte: ou você financia sua profissionalização ou correrá sério risco de fazer parte de alguma matéria sobre “tiro acidental”, “bala perdida”, “bandido mata policial”, entre outras comuns.
Eu, como educadora que sou, questionei sobre os formadores, instrutores, professores dos referidos cursos, querendo saber como era feita a seleção desses profissionais. Bom, descobri que existe um rigoroso processo em relação ao Q.I. do candidato, ou seja, o famoso e persistente Quem Indica... o restante são escolhidos através de sorteio. Não existe seleção de currículos, entrevistas ou análise da didática.
Eu pergunto: de quem é a culpa (se é que existem culpados)?
Minha? Que fiz parte dessa situação vergonhosa sem “botar a boca no trombone”?
Do governo? Que sempre é o culpado por tudo? Que acha que o servidor “ganha muito bem, obrigada”?
Sua? Que está lendo esse artigo e apenas “balançará a cabeça”?
A culpa é nossa, meus amigos! Nossa! Que sabemos dos fatos, vivenciamos as situações e nos calamos, nos omitimos por ser mais cômodo, mais fácil. Nossos salários (mesmo indignos) estarão nas nossas contas e isso é o que importa!

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